quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tão simples. Tão complexo.

Não bastaria se olhar no espelho. O espelho, por si, reflete apenas o que a realidade já nos mostra. Mas ela queria ir além. Ela queria ver mais do que seus olhos poderiam enxergar. Ela sabia que em algum lugar havia um mundo diferente. Um mundo muito mais complexo do que se pode imaginar. Tão complexo que pareceria simples aos olhos dos seres humanos. Eles não conseguiriam entendê-lo.


Para ela, cada pessoa teria seu espaço nesse lugar. Cada pessoa, de alguma forma, poderia contribuir para formar essa outra realidade. Talvez fosse como nos sonhos. Mas ela sabia que não. Não precisaria dormir para chegar a esse mundo. Ele existe. E ela queria descobrir como alcança-lo.


Foi então que, um dia, após tentativas fracassadas, ela resolveu sentar à beira do lago. E ela ficou olhando seu reflexo na água. Olhava fixamente. E percebeu que não estava mais sozinha. Havia mais um rosto ao lado do seu. Na água. Como se alguém estivesse se aproximando. Mas ela não queria virar a cabeça para conferir. Ela acreditou naquilo. E sem que precisasse se mexer, seu rosto virou. E ela o viu.


Ele era alto, cabelos castanhos, olhos azuis, pele alva. Ele sorriu. Não precisava ser bonito. Aquele sorriso... Como ela nunca o vira? Ela sempre estivera ali. Naquele horário. Naquele lugar. Todos os dias. E ela não falou nada. Sorriu. E assim ficaram por um tempo. Olhando-se. Sorrindo. Estando. Sendo.


Não precisava de palavras. Ela conseguia entender o que ele desejava. Ele conseguia saber o que ela queria. E como se fossem velhos conhecidos, eles se abraçaram. Um movimento completamente perfeito, como se combinado antes. E um beijo. Era isso. Não foi ele que a encontrou. Nem ela. Foi. Simplesmente foi. E isso não poderia ser chamado de outro nome além de amor. Amor.


Ela não poderia sair dali. Era ali que ela queria ficar. E ele permanecia. E eles continuavam. E ela tentava entender como isso acontecera. Seria isso real? Estaria ela no mundo real? Ou no mundo paralelo? Ou em um sonho? Mas não havia explicação. Não sabia o que estava ocorrendo. Não importava mais. Apenas foi. E assim ficou... Tão simples. Tão complexo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Viu o chão...

Todo dia se repetia como se ela voltasse no tempo. E assim o tempo passava, e ia, e ia, e ia. E a jovem continuava ali, deitada naquela cama esperando que algo diferente pudesse acontecer. Mas nada mudava.


O despertador tocava. Ela abria os olhos. E entrava a mesma moça de roupa branca. Trazia a mesma bandeja de sempre. O mesmo prato, o mesmo copo e os mesmos talheres. A mesma comida. O mesmo quarto. A mesma cama. A mesma rotina.


Todavia, nesse dia, algo foi diferente. A jovem começou a pensar. Pensar em coisas que antes não passaram pela sua cabeça. Ou coisas sobre as quais ela simplesmente preferia não se dar ao trabalho de refletir.


Quando aquilo iria mudar? O que era aquilo? Há quanto tempo estaria neste lugar? Na verdade... Que lugar era este?


- ALGUÉM? AHHH!


Ela gritou. E nem a sua própria voz ela reconhecia. Há quanto tempo não falava?


Gritou de novo. Em vão.


Levantou-se da cama. Caiu. Quanto tempo passou sem andar?


Arrastou-se até a parede.


Viu a cortina. Viu a janela. Viu o céu.


Viu o chão.


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