sábado, 13 de agosto de 2011

Objetivos

Ele virou-se e saiu andando. Possivelmente nunca mais o veria a partir daquele dia. Como seria possível viver, então? Sua vida era nada além dele. Ele e ela. Ela e ele. Eram apenas um. Mas agora não mais. E ela seria apenas uma metade.


Ela caiu no chão. Ali mesmo. Em uma calçada, de uma rua, de um bairro, de uma cidade, de um estado, de um país, de um continente, de um mundo. Mundo. Esta palavra perdia nesse momento seu significado. Seu mundo tinha acabado de partir. Sem volta, provavelmente.


E chorou. Sozinha. Incompleta. Por que ele fizera isso? O amor não havia acabado. Pelo menos não para ela. Até o dia anterior ele dizia que ela era a vida dele. Isso pode mudar assim? Tão rápido. Seria tudo isso um pesadelo?


“- Não posso mais ficar com você...


- Como assim, amor? Você está brincando né?


- Eu estou falando sério. Acabou.


- Não, não fala isso. Por quê?


- Acabou, apenas. Não há explicações.


- Por favor, não faz isso! Eu não posso viver sem você! Tem que haver uma explicação. Foi algo que eu fiz? Me fala que eu mudo... Não me abandone!


- Fica bem.”


Relembrou. Inconformada. Uma raiva a invadiu nesse momento. Ele não pensara nela. Ela só pensara nele. Ele era tudo para ela. Ela não fora nada para ele. E agora só tinha uma coisa em mente. Uma decisão precipitada. Um objetivo.


Andou até onde seu carro estava estacionado. Entrou nele e deu partida. Acelerou e correu atrás de sua meta. Literalmente. Foi.


E no dia seguinte, a notícia de uma morte por atropelamento encontrava-se nas capas dos jornais.

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