sábado, 5 de janeiro de 2013

Em busca do novo

Nascia o sol de um novo dia. Um novo ano. Um novo começo. Uma nova vida, quiçá. Era assim todos os anos. 31 de dezembro, arrependimentos do ano a findar, promessas e esperanças para o que está por vir, roupa branca, ceia com a família, praia, simpatias e pedidos. Fogos de artifício. 1º de janeiro. Abraços, gritos e sorrisos. Brindes. Dormir e acordar. E com o passar dos dias, se tornava apenas mais um ano, dentre (nem) tantos que já tinha vivido. Voltava a rotina, esqueciam-se as promessas.. 365 dias e tudo de novo.

Dessa vez seria diferente.  Acordou bem cedo, antes mesmo do nascer do sol. Trocou a roupa e foi até a praia. Vazia, a não ser por restos das oferendas e das comemorações da noite anterior prolongadas até a madrugada. Largou suas sandálias na areia branca. Caminhou por alguns minutos, próximo ao mar, molhando seus pés. Sem pensar em nada. Apenas olhando à sua volta.

Os primeiros raios de sol refletiam no mar. Refletia. Por que a vida não pode ser tão simples quanto deveria ser? Com tanto e tanto, por que tudo repetido? As mesmas pessoas, os mesmos lugares, as mesmas histórias, a mesma rotina. Sempre o mesmo. A mesma vida. E por mais que mudasse, continuava a mesma. Tantos anos, tantos feitos, tantas conquistas. Mas era tudo igual. Sempre igual.

Cansou desse álbum que já estava completo. Tinha sido completado várias vezes. Cansou da vida vivida. Cansou e parou. Voltou-se em direção ao mar. A luz vinda do sol agora bem forte incidia nos seus olhos. Gostava do que via. Por que nunca tinha feito isso antes? Passos à frente. A água na altura de seu abdome. Do seu colo. Do seu pescoço. “Feliz ano novo!!!”. Um sorriso. Um mergulho. Foi em busca da vida.