Um sorriso de lado. Lágrimas escondidas. Uma felicidade aparente estampada no rosto. Uma tristeza disfarçada. Alguns suspiros. Tudo ia bem. Parecia. Não era. Tem coisas que são assim, ela já sabia. Não foi a primeira, nem a segunda, nem a última vez. Aprendizado e memória. Lidar com isso já virara rotina. Uma rotina espaçada por momentos de ilusão. Ilusão. Assim tinha sido a vida toda. Quem sabe um dia seja diferente. Por enquanto, que volte a fantasia para a caixinha bonita, embaixo da cama. No canto do peito. Para sempre na vida.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
sábado, 5 de janeiro de 2013
Em busca do novo
Nascia o sol de um novo dia. Um
novo ano. Um novo começo. Uma nova vida, quiçá. Era assim todos os anos. 31 de
dezembro, arrependimentos do ano a findar, promessas e esperanças para o que
está por vir, roupa branca, ceia com a família, praia, simpatias e pedidos.
Fogos de artifício. 1º de janeiro. Abraços, gritos e sorrisos. Brindes. Dormir
e acordar. E com o passar dos dias, se tornava apenas mais um ano, dentre (nem)
tantos que já tinha vivido. Voltava a rotina, esqueciam-se as promessas.. 365
dias e tudo de novo.
Dessa vez seria diferente. Acordou bem cedo, antes mesmo do nascer do sol.
Trocou a roupa e foi até a praia. Vazia, a não ser por restos das oferendas e das
comemorações da noite anterior prolongadas até a madrugada. Largou suas
sandálias na areia branca. Caminhou por alguns minutos, próximo ao mar,
molhando seus pés. Sem pensar em nada. Apenas olhando à sua volta.
Os primeiros raios de sol
refletiam no mar. Refletia. Por que a vida não pode ser tão simples quanto
deveria ser? Com tanto e tanto, por que tudo repetido? As mesmas pessoas, os
mesmos lugares, as mesmas histórias, a mesma rotina. Sempre o mesmo. A mesma
vida. E por mais que mudasse, continuava a mesma. Tantos anos, tantos feitos,
tantas conquistas. Mas era tudo igual. Sempre igual.
Cansou desse álbum que já estava
completo. Tinha sido completado várias vezes. Cansou da vida vivida. Cansou e parou.
Voltou-se em direção ao mar. A luz vinda do sol agora bem forte incidia nos
seus olhos. Gostava do que via. Por que nunca tinha feito isso antes? Passos à frente.
A água na altura de seu abdome. Do seu colo. Do seu pescoço. “Feliz ano novo!!!”.
Um sorriso. Um mergulho. Foi em busca da vida.
domingo, 18 de novembro de 2012
Volta à vida
Mudanças. Quem disse que isso
poderia realmente acontecer? Desiludida aquela menina esteve por muito tempo. A
cada momento de pseudo-ascensões, se seguiram verdadeiras quedas. Dolorosas
quedas. E ela não poderia acreditar em mais nada. Passaria cada dia sem
esperanças. Por que esperaria algo? Para que criar expectativas? Estava cansada
de decepções. Chorar? Já tinha chorado muito. Mas para quê? Apenas secava suas
lágrimas com raiva de si mesma, arrependida por tê-las derramado, e sentindo
que acabara de perder mais pontos no jogo da vida.
Conselhos. Tantos e tantos. E
todos se resumiam à mesma conclusão. Não mais os ouviria. Como dizia o ditado,
“se conselho fosse bom, não se dava, vendia”. E se viessem falar? Que falassem.
Não seguiria. Não seguiria nem mesmo suas vontades. Ela tinha vontades ainda?
Não importava também.
Ponto final? Ela disse que
colocava um ponto final. Não bastavam vírgula, ponto e vírgula, ponto, ou
quaisquer outras pontuações. Ela queria um ponto final. E foi isso que ela fez.
E (fingiu que) ficou bem. Mas tinha um vazio. Faltava cor, faltava brilho,
faltava alguma coisa. Em todos os lugares, em todos os momentos. Ela sabia que
faltava. Ela não sabia o quê.
Uma (nova?) história. E quem
disse que depois de um ponto final não pode ter mais nada? Volta a cor, volta o
brilho, volta aquela coisa que faltava. Volta o sorriso. Volta à vida. E, agora,
tudo fazia sentido. Ah, e o que faltava? Ela também não descobriu. Nem iria. Não
queria.
sábado, 28 de julho de 2012
Uma Tragédia dos Erros
Enfim, uma decisão: último dia em
que suposições faria sobre o que aconteceu. Apesar de não poder falar em algo
que aconteceu, já que, na verdade, foi acontecendo. Era isso. Não deveria usar
o pretérito perfeito para se referir a essa sequência de acontecimentos, que, a
propósito, de perfeitos nada tinham. Não deveria usar, sequer, pretéritos, futuros, ou quaisquer
outras conjugações verbais a partir de agora. E não deveria se culpar por nada.
A culpa é o alívio dos fracos. Existem, realmente, culpados? Erros e acertos, e
mais erros e mais acertos, com muito mais erros. Uma tragédia dos erros. Um
ponto final.
Um novo parágrafo.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Um dia
Ela estava sentada ali, na calçada. A rua vazia. Silenciosa, a não ser por seu soluço que a irrompia de tempos em tempos. O livro que estivera lendo encontrava-se agora deitado ao seu lado. Tremeu. Era o brilho da noite chegando. Soluçou. Não poderia precisar por quanto tempo esperando ali estivera. A propósito, uma espera inútil, suspeitava. Quando chegara o sol ainda brilhava. Meio-dia? O livro. Mal tinha começado a ler. 6 páginas? 7 talvez. E agora... 158 findas. Com pausas. Assim como seu soluço.
Mais alguns minutos e, dali, partiria. Pegaria seu livro com a mão direita. Ficaria de pé. Caminharia até sua casa, a uma quadra dali. Bateria na porta, que seria aberta por sua mãe. Iria até seu quarto, deixaria seu livro na estante. Pegaria algum outro e o colocaria sobre a mesa. Tomaria um banho. Começaria a ler o livro, com seu estômago roncando de fome. Esperaria o grito de sua mãe a chamando para jantar. Sim, seria assim. Por quase uma semana estava sendo assim.
Sentada à mesa com sua mãe. Serviu-se de suco. Não haviam trocado palavras ainda desde quando ela resolveu esperar. O nó na garganta da mãe se desfez.
- Por quanto tempo você vai continuar indo àquele local? Você precisa aceitar. Ele não vai voltar.
- Você não pode ter certeza. Ele disse que viria. Que me encontraria ali, à tarde.
- Mas ele mor...
Ela levantou-se. A frase não chegou a ser completada. Ou, ao menos, não foi ouvida. Não quis ser ouvida. Voltou para o seu quarto. Não choraria. Dormiria desapontada. Mas acordaria. Veria o sol. E seria um novo dia. Uma nova espera. Um novo encontro. Ele chegaria. Ela sabia. Um dia.
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terça-feira, 22 de novembro de 2011
Tão real
Ela se pegou novamente com aquele sorriso bobo no canto da boca. Desses de quando se está apaixonada. Ali, parada, sozinha, com o olhar perdido. E imaginando. Não precisava de sua presença. Sua imagem se fazia muito concreta na mente. E ela mergulhava nesse pensamento. Cada vez mais fundo. Já não conseguia discernir o que era memória e o que era inventado. Não precisava. Ela gostava disso. E criava mais, como ela queria que fosse. Perpetuava a fantasia e não a deixava morrer, como quem coloca de tempo em tempo mais lenha na lareira impedindo a chama de se apagar. E podia sentir, podia ver, podia viver. Ele podia ser dela de novo. E ela dele. E havia o amor.
- Ahhhh... - Suspirou.
Era tão real.
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segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Errar é preciso
Ela resolveu parar de usar a borracha. Não mais apagaria. Não mais rasgaria a folha. Não mais tiraria da memória. Apenas passaria uma linha por cima. Viraria a página. Deixaria ali. Porque quem erra pode corrigir. Quem cai pode levantar. Quem se fere pode se curar. Contudo, sempre fica a palavra, fica a dor, fica a cicatriz. Mas também, o aprendizado. Já quem apaga, torna a errar. E apaga. E erra. Novamente, em uma farsa constante. Entretanto, ela aceitou o erro. Consertou e seguiu com ele na memória. Nunca mais o cometeu. E errou novamente, de outras formas. E não negou, não se enganou. Porque acertar sempre não é preciso. Quiçá impossível.
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